SOMOS DO CONTRA

Bem vindos a este espaço que se quer acima de tudo de contestação e de humor.
Dizer mal só por dizer.
Bater no ceguinho.
Deitar abaixo pelo prazer de deitar abaixo.
Da politica ao futebol, passando pela religião.
Não queremos e não vamos poupar ninguém.

Vamos então começar que se faz tarde...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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QUALIDADE DE VIDA DO RENDIMENTO MINIMO

Qualidade de vida é receber 800 € mensais (ou mais) para não fazer
nada.
Qualidade de vida é levantar á hora que se quer porque os outros
trabalham para ele.

Qualidade de vida, é ter como única preocupação escolher a
pastelaria onde vai tomar o pequeno-almoço e fumar as suas
cigarradas, pagos com os impostos dos outros.

Qualidade de vida é ter uma casa paga pelos impostos dos outros,
cuja manutenção é paga pelos impostos dos outros, é não ter
preocupações com o condomínio, com o IMI, com SPREAD´S, com
taxas de juro, com declaração de IRS.

Qualidade de vida é ter tempo para levar os filhos á escola, é ter
tempo para ir buscar os filhos á escola, é poder (não significa
querer) ter todo o tempo do mundo para acarinhar, apoiar, educar e
estar na companhia dos seus filhos.

Qualidade de vida é não correr o risco de chegar a casa irritado,
porque o dia de trabalho não correu muito bem e por isso não ter a
paciência necessária para apoiar os filhos nos trabalhos da escola.

Qualidade de vida é não ter que pagar 250€ de mensalidade de
infantário, porque mais uma vez é pago pelos impostos dos outros.

Qualidade de vida, é ainda receber gratuitamente e pago com os
impostos dos que trabalham o computador Magalhães que de
seguida vai vender na feira de Custóias, é receber gratuitamente
todo o material didáctico necessário para o ano escolar dos seus
filhos, e ainda achar que é pouco.

Qualidade de vida é ter as ditas instituições de solidariedade social,
que se preocupam em angariar alimentos doados pelos que pagam
impostos, para lhos levar a casa, porque, qualidade de vida é
também nem se quer se dar ao trabalho de os ir buscar.

Qualidade de vida é não ter preocupação nenhuma excepto, saber o
dia em que chega o carteiro com o cheque do rendimento mínimo.

Qualidade de vida é poder sentar no sofá sempre que lhe apetece e
dizer “ TRABALHAI OTÁRIOS QUE EU PRECISO DE SER SUSTENTADO”.

Qualidade de vida é não ter despesas quase nenhumas, e por isso
ter mais dinheiro disponível durante o mês, do que os tais OTÀRIOS
que trabalham para ele.

Qualidade de vida é ainda ter tempo disponível para GAMAR uns
auto-rádios, GAMAR uns carritos e ALIVIAR umas residências desses
OTÀRIOS que estão ocupados a trabalhar OU ASSALTAR uma
ourivesaria.

Qualidade de vida é ter tudo isto, e ainda ter uma CAMBADA DE
HIPÓCRITAS a defende-lo todos os dias nos tribunais, na televisão,
nos jornais.

Isto sim, isto é qualidade de vida.

Ass: UM OTÁRIO

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

conto de fadas

A Branca de Neve, a Bruxa Má e o Pinóquio encontram-se na floresta.
- Sou a mais linda do mundo! - diz a Branca de Neve
- Sou a mais feia do mundo! - diz a Bruxa Má
- Sou o maior mentiroso do mundo! - diz o Pinóquio

E então entram, um de cada vez, na grande caverna, para falarem com o sábio da floresta, o possuidor do espelho mágico da verdade.

A Branca de Neve entra e sai muito feliz:
- Sou mesmo a mais linda do mundo!

A Bruxa Má entra também e sai toda sorridente:
- Sou mesmo a mais feia do mundo!

O Pinóquio entra por ultimo, sai enfurecido e pergunta:
- Quem é o Sócrates????

CAMARADA ODETE


Odete Santos é milionária...... Mas contra o capitalismo...

assim TAMBÉM EU QUERO SER COMUNISTA !!!!!!!!




Odete Santos… Pasmem!

Oh!! Mãe, eu também quero ser comunista!!!!!

Declaração de rendimentos da camarada Odete Santos


Declaração de 2005

Deputada e Presidente da Assembleia Municipal de Setúbal
Trabalho dependente - 48.699,48€
Trabalho Independente - 6.860,19€
Rendimentos prediais - 1.369,38€


Património Imobiliário - 1 prédio urbano em Setúbal, 1 fracção em Setúbal, 3 prédios rústicos na Guarda, 22 prédios rústico na Guarda

Automóveis- 1 ligeiro Lancia.
Contas Bancárias- Certificados de aforro do Instituto de Gestão Financeira no valor de 2.400.000 mil €.

Mais 5 certificados de aforro no valor de:


300 mil €, ... 621 mil €, ... 400 mil €, .. 1.613.000 mil €, ... 391 mil €

SÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓ?????


ASSIM, SIM... VALE A PENA

ASSIM, EU TAMBÉM QUERO SER COMUNISTA!!!!!!

Bib’ó Capitalismo da camarada Odete, carago!!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sobre os candidatos presidenciais

Sim eu sei que o nosso actual presidente ainda não anunciou formalmente a sua candidatura, mas alguém duvida que ele vai tentar um segundo mandato?

Mas vamos lá ver toda a gente concorda que o país necessita de reformas e quem melhor que o nosso actual presidente ou o histórico socialista para isso? Vejamos o professor Cavaco Silva tem reforma de politico, reforma de professor universitario, reforma do banco de Portugal...
O dr. Manuel Alegre tem reforma de politico, reforma da RDP...
Não sei se eles não estarão a fazer confusão entre reforma e reformados...

E já agora alguém se lembra destas palavras:

“Conto estar aqui em Janeiro como candidato à presidência da República para derrotar Cavaco Silva"
"Faço-o por imperativo cívico, faço-o porque sou republicano e faço-o porque é necessário um novo patriotismo nesta hora em que Portugal enfrenta os desafios da globalização. E faço-o também porque é necessário criar e abrir um espaço de cidadania, um espaço de escolha para os portugueses"
“Sou membro do Partido Socialista, tenho muito orgulho em ser dirigente e membro do Partido Socialista, mas a democracia e a cidadania não podem ser confiscadas apenas pelos directórios do partidos políticos"

É verdade foi o Dr. Manuel Alegre quando anunciou a sua candidatura nas últimas presidenciais mas alguém me explica porque é que uma pessoa que defendia que: "é necessário criar e abrir um espaço de cidadania, um espaço de escolha para os portugueses" e que: "a democracia e a cidadania não podem ser confiscadas apenas pelos directórios do partidos políticos" vem agora criticar o dr. Fernando Nobre por apresentar uma candidatura independente? Uma candidatura que surgiu: "Por imperativo moral, de consciência e de cidadania", mais coisa menos coisa o que o dr. Alegre defendia nas ultimas eleições.
Então porquê as criticas? ou o dr. Alegre só acha bem candidaturas independentes que não lhe causem dano? ou que não sejam as dele?

Isso dr. Manuel Alegre só tem um nome HIPOCRISIA

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Socrates e companhia volttam à carga

Em primeiro as vitimas foram os jornalistas que levantaram a questão da licenciatura do nosso primeiro ministro. Depois a jornalista Manuela Moura Guedes e o ex-director do Público, José Manuel Fernandes. Mais tarde o semanário Sol e o jornalista Mário Crespo.
Quem da imprensa ousar levantar a voz para criticar o engenheiro está F*****... é triste mas é verdade.


A última veio publicada pelo semanário Sol (que conseguiu sobreviver a todas as tentativas do governo para os destruir economicamente [retirando publicidade do estado e tentando impedir a compra do jornal pelos seus actuais proprietarios])

Ora segundo o semanário Socrates e a PT pretendiam criar um grupo de comunicação que fosse favoravel ao Governo e calando as vozes que se levantavam contra ele:



Face Oculta
PT usada para lançar novo grupo de media
Por Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita
Segundo o MP de Aveiro, a compra da TVI pela PT era apenas o pontapé de saída para possibilitar a emergência de um grupo de comunicação social favorável ao Executivo, avança a edição do SOL desta sexta-feira

O plano de controlo da comunicação social – que levou os magistrados do processo ‘Face Oculta’ a considerar existirem «indícios muito fortes» de que estava «directamente envolvido o Governo, nomeadamente o primeiro-ministro» – ia muito mais além da compra de 30% da TVI.

Pelas escutas interceptadas, percebe-se que, em simultâneo com a tomada da Media Capital, a estratégia passava pela compra de um grande grupo de comunicação social, que se tornaria parceiro estratégico da PT: numa primeira fase seria a Cofina (dona do Correio da Manhã) ou a Impresa, de Pinto Balsemão, e no fim surgiu a hipótese do grupo Controlinveste (DN/JN/TSF), de Joaquim Oliveira.

Nesta conjugação de interesses entre poder político e económico, surge, como ponta-de-lança apoiada pela PT, a Ongoing, liderada por Nuno Vasconcelos e Rafael Mora (presidente e vice-presidente, respectivamente), accionistas da PT e da Impresa (de Pinto Balsemão) e donos do Diário Económico.

«À PT interessa ter um accionista forte no campo dos media, ainda mais se se consubstanciar uma operação com a Media Capital» – diz o administrador executivo da PT, Fernando Soares Carneiro, numa conversa com Armando Vara, vice-presidente do BCP, na manhã de 24 de Junho de 2009, horas antes da verdadeira tempestade política causada pela revelação pública do negócio da TVI.

fonte: http://sol.sapo.pt/


Sócrates esqueceu-se de promessa de libertar jornalistas do poder
Primeiro-ministro chegou a propor uma lei que proibia a participação directa ou indirecta do Estado nos meios de comunicação social

O semanário «Sol» revela que a Portugal Telecom estaria a ser usada pelo Governo no alegado «plano» para controlar os meios de comunicação social. A mesma PT que, há cinco anos, José Sócrates quis que deixasse de ser «instrumentalizada».

Segundo o jornal, na quinta-feira, dia 25 de Junho, «estava para ser concluído o negócio» entre a PT e a Prisa, para a aquisição de 30 por cento da Media Capital, dona da TVI. Só que o Presidente da República, Cavaco Silva, nesse mesmo dia, pediu «transparência» e exigiu explicações à empresa com uma golden-share (participação accionista do Estado).

«Zeinal é empurrado para dar a cara pela PT, em entrevista a Judite de Sousa - uma decisão tomada em reunião do conselho de administração do grupo, nesse mesmo dia 25», escreve o «Sol».

Nas escutas divulgadas pelo semanário, Paulo Penedos, assessor da PT e arguido no processo Face Oculta, fala com Rui Pedro Soares, administrador-executivo da PT, também arguido e que interpôs a providência cautelar ao «Sol», perguntando-lhe se Zeinal Bava, presidente da PT, estava informado que José Sócrates «mandara abortar o negócio» [PT/TVI], tendo Rui Pedro negado.

«Passam seis minutos da meia-noite quando Penedos fala com André Figueiredo [chefe de gabinete de Sócrates no PS]», diz o jornal. O assessor da PT terá perguntado se Sócrates «estava calmo».

André responde que a única preocupação de Sócrates são as declarações de 2004, as tais em que o secretário-geral do PS, na altura na oposição, prometia uma lei que proibisse a participação directa ou indirecta do Estado nos meios de comunicação social.

Em 2004, Sócrates referia-se assim ao negócio da PT com a Lusomundo: «[Na altura da venda], os argumentos eram razoáveis, [a concentração] parecia fazer sentido. A ninguém passou pela cabeça que a PT se tornasse tão instrumentalizada». «Fomos aprendendo», admitiu.

Segundo o semanário, o primeiro-ministro esqueceu-se dessa promessa. O Estado continuou a deter uma golden-share da PT e a empresa serviria agora para a aquisição da Cofina ou da Impresa, «numa primeira fase», «e no fim surgiu a hipótese do grupo Controlinveste (DN/JN/TSF), de Joaquim Oliveira».

«Poderiam resultar prejuízos económicos para a PT que previsivelmente seriam pagos com favores do Estado ou no mínimo colocariam decisores políticos na dependência de decisores económicos»», cita desta forma o «Sol» o despacho de 23 de Junho do procurador João Marques Vidal, na fundamentação das primeiras certidões extraídas do processo Face Oculta.

fonte: http://diario.iol.pt/

'Sol' revela intenção do Governo de criar grupo de media

O Semanário Sol está nas bancas, apesar da ordem judicial que impedia a divulgação de escutas. A primeira página com o título "Polvo", remete para o alegado plano do executivo para controlar a comunicação social, nomeadamente o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e a TSF assim como as manobras da Ongoing.

O jornal conta que, segundo o Ministério Público de Aveiro, a compra da TVI pela Portugal Telecom seria apenas o início da criação de um grande grupo de comunicação 'favorável' ao Governo. A Cofina e a Impresa terão estado também nos planos, para depois surgir a Controlinvest como mais uma hipótese.

O Sol fala também sobre a Ongoing como o ponta de lança de uma teia de interesses entre poder económico e político. Numa conversa transcrita pelo semanário, o administrador executivo da PT, Fernando Soares Carneiro, diz a Armando Vara que "à PT interessa ter um accionista forte no campo dos media, ainda mais se se consubstanciar uma operação com a Media Capital".

Para o procurador João Marques Vidal, do negócio poderiam resultar prejuízos económicos para a PT, que previsivelmente seriam pagos com favores do Estado ou no mínimo iriam colocar decisores políticos na dependência dos decisores económicos.

A compra da Cofina é tb um dos assuntos das conversa entre Armando Vara e Francisco Soares Carneiro. Conta o Semanário que o administrador PT pede a Vara que olhe para o problema do grupo de Paulo Fernandes.

Joaquim Oliveira surge também referenciado. O Sol escreve que o dono do Jornal de Notícias e do Diário de Notícias manteve contactos com Vara, enquanto decorriam as mudanças na TVI. No jornal estão transcritas conversas sobre os bastidores da saída de Manuela Moura Guedes do Jornal de Sexta e da própria saída de Moniz da TVI.

Nestas conversas pode também perceber-se que Armando Vara não estava contente com as notícias que iam saindo nos jornais propriedade de Joaquim Oliveira sobre o envolvimento do PS num eventual plano para controlar a Comunicação Social.
fonte: http://radioclube.clix.pt/

Mais: um dos administradores da PT (visado nas escutas Vara/Sócrates) tentou por uma providencia cautelar para impedir o jornal de publicar as escutas (isso meus caros é o que se chamava nos tempos da outra senhora censura prévia)

Pelo menos duas providências cautelares tentaram impedir o Sol de publicar escutas
Por Leonete Botelho, Mariana Oliveira

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A edição de hoje do Sol foi impressa com todo o material editorial inicialmente previsto e novas revelações sobre o caso das escutas, apesar da providência cautelar, que visou apenas as escutas onde é interveniente. Apenas a sociedade gestora do Sol, que não tem responsabilidade nos conteúdos editoriais, foi notificada da providência. Nem a direcção nem nenhum jornalista da redacção do Sol foi notificado.
Fotografia, tirada ontem, da gráfica onde estava a ser impresso o Sol (Rui Gaudêncio)

O perfil de José Sócrates a negro sobre um fundo vermelho e um grande título a branco: "O polvo". Assim é a primeira página do semanário Sol, que hoje estará nas bancas com novas revelações sobre o alegado plano para controlar a comunicação social, e já não apenas a estação televisiva TVI. O jornal estava ontem à noite a ser impresso normalmente, apesar da tentativa de limitar novas revelações feitas pelo administrador executivo da PT Rui Pedro Soares. Além da providência cautelar interposta na 11.ª Vara Civil de Lisboa e ontem executada na sede do semanário por ordem deste administrador da PT, já antes, o irmão e advogado do administrador, Carlos Soares, tinha interposto pelo menos uma outra providência cautelar, que não foi aceite pelo tribunal.

O jornal foi enviado para a gráfica à hora normal - cerca das 20h. A providência cautelar terá apenas efeito sobre algumas notícias publicadas online relativas a Rui Pedro Soares, soube o PÚBLICO.

Impedimento "em vão"

Num comunicado colocado no site do semanário às 21h, a direcção do Sol diz que a edição do jornal trará "novas revelações sobre as escutas no processo Face Oculta" e acrescenta que "essas escutas provam manobras para controlar outros órgãos de comunicação social, além da TVI, e condicionar jornalistas".

Este comunicado foi publicado na edição online do jornal pouco depois de a Lusa ter divulgado um outro, de Rui Pedro Soares, onde o autor da providência cautelar garantia que, por via desta, "os tribunais decidiram que o jornal Sol está impedido de publicar, por qualquer forma", conversas telefónicas em que ele tenha participado e que constem do processo Face Oculta.

O administrador da PT afirma esperar, "porventura em vão", que o jornal Sol cumpra a providência cautelar, em que invocou "a violação das regras legais que tutelam o segredo de Justiça". O administrador da PT afirma também que as "histórias" publicadas pelo Sol, "como se provará pelos meios e no momento adequado, são manipulações". "Enquanto cidadão, não posso compactuar com as graves violações de normas essenciais do Estado de Direito", acrescenta, acusando o semanário de ter apresentado na semana passada um texto "truncado e manipulado".

Argumentando que os tribunais "decidiram que a actuação do Sol viola as leis deste Estado de Direito", Rui Pedro Soares justificou a providência cautelar com a necessidade de "defender a honra e o bom nome", a sua "vida pessoal e familiar" e o "segredo profissional" a que está obrigado como administrador da PT. "Os tribunais continuarão a falar no futuro", adverte Rui Pedro Soares, afirmando que a Justiça "demonstrará quem cumpre e quem viola a lei".

"Forma de censura prévia"

Jónatas Machado, professor universitário na Faculdade de Direito de Coimbra, especializado em Direitos Fundamentais, considera esta decisão uma "forma de censura prévia, que goza de uma fortíssima presunção de inconstitucionalidade". "Em nenhum país democrático o segredo profissional ou o bom nome do primeiro-ministro ou de outra pessoa qualquer se podem sobrepor aos pilares fundamentais do Estado de Direito, como a liberdade de expressão e o direito à informação", sublinha o docente. O especialista não tem medo de dizer que o semanário Sol pode publicar as escutas que a providência cautelar proíbe. "A decisão é violadora dos direitos fundamentais, logo o jornal pode aplicar directamente a Constituição", sustenta Jónatas Machado.

Quanto ao segredo de justiça, o constitucionalista defende que ele serve em primeira linha para garantir a eficácia da investigação e em segunda a presunção de inocência e o bom nome. "Ora como o processo já foi arquivado a eficácia da investigação já não está em causa. E quando se fala numa estratégia de controlo dos meios de comunicação social, o que se sobrepõe é o interesse público", argumenta. E completa: "Só tem direito ao bom nome e à boa reputação quem tem de facto um bom nome e uma boa reputação".

Luísa Neto, professora de Direitos Fundamentais na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, é mais reservada. "Não me posso pronunciar sem conhecer os termos da providência cautelar", justifica. A docente lembra que ao ter aceite a providência o juiz não está a dar razão ao requerente. Neste caso, visa-se prevenir lesões irreparáveis que a demora da decisão final não permitiria acautelar.

Foi à hora do almoço que tudo começou, quando um solicitador de execução e uma advogada às instalações do semanário para tentar notificar os responsáveis do jornal da providência cautelar. A notificação tinha como destinatários o director do Sol, José António Saraiva, e as jornalistas Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita. O objectivo era impedir a publicação, sob qualquer forma, de citações, transcrições e quaisquer matérias relacionadas com as escutas telefónicas que digam respeito Rui Soares.

Mas os visados não estavam na sede e a funcionária contactada recusou-se, no entanto, a assinar a notificação. Durante várias horas, os dois juristas voltaram várias vezes às instalações do jornal, até que à sexta visita deixaram a notificação ao segurança do edifício.
fonte: http://www.publico.clix.pt/

A face oculta das escutas
Quem é Rui Pedro Soares, o administrador da PT que surge nas gravações como o alegado pivô do negócio TVI?

Os dois momentos mais altos da sua, curta, carreira - tem 36 anos - tinham, até agora, sido estampados em T-shirts. E são a melhor ilustração da passagem dos anos por este jovem do Porto que integra o restrito conselho de administração onde se sentam os 25 executivos de topo de uma das maiores empresas portuguesas, a Portugal Telecom (PT). Foi de Rui Pedro Soares a ideia de estampar em centenas de T-shirts a imagem de Che Guevara e o poema que Manuel Alegre dedicou ao revolucionário argentino ("O foco guerrilheiro existe sempre / Em cada um de nós existe um foco / Uma guerrilha possível, uma insubmissão"), que a Juventude Socialista (JS) de Lisboa, então liderada por este jovem estudante de Gestão de Marketing, exibiu nas acções de campanha para as eleições legislativas de 2002. O PS perdeu, mas Rui Pedro, que já propusera a mudança da cor das bandeiras da jota de amarelo para vermelho, e que se candidatara à liderança da organização com a moção "Nós vamos pela esquerda", fez a sua declaração política.

Sete anos mais tarde, Rui continua a imprimir letras em T-shirts. Mas noutro campeonato. É ele quem negoceia os patrocínios da PT aos três grandes do futebol, Benfica, Sporting e Porto, o seu clube do coração que já lhe retribuiu o gosto com uma insígnia: é Dragão de Ouro e presença assídua no camarote presidencial do estádio portista. Nada que o tenha impedido de financiar os 11 milhões de euros gastos pelo Sporting em jogadores, no mercado de Inverno.

A sua biografia, no site da PT, é clara: "Rui Pedro Soares integra a Portugal Telecom em 2001, empresa onde tem vindo a consolidar a sua carreira profissional." A "consolidação" levou-o ao Olimpo da empresa, por indicação do accionista Estado, em 2006, onde aufere um montante anual de um milhão e duzentos mil euros, segundo contas do Diário Económico, a partir da tabela de remunerações fornecida pelas empresas do PSI-20, em 2009. Ou seja, Rui Pedro ganhará, por mês, 16 vezes mais que José Sócrates.

Como chegou ali? Essa era uma das perguntas que gostaríamos de lhe colocar, mas o administrador da PT não aceitou falar com a VISÃO. O deputado Sérgio Sousa Pinto, que o conhece há 16 anos, não lhe poupa elogios: "Tenho a maior consideração pessoal e profissional por ele. Acho muito injusto a imprensa estar a retratá-lo como um boy. Ele é alguém com muito valor, inteligência e muito capaz. Claro que a nomeação dele como administrador é fruto de um voto de confiança de quem o nomeou."

SALTO Á VARA A sua ascensão acaba por se assemelhar à de Armando Vara, outro socialista de quem se fala no processo Face Oculta, e que passou de administrativo a administrador da Caixa-Geral de Depósitos e, mais tarde, do BCP. Ambos estavam na empresa e, graças aos contactos partidários, "consolidaram" a sua posição.

Quando, em 2004, os jornalistas falaram com ele, durante a campanha interna para a liderança do partido (que opôs Sócrates a Alegre e a João Soares), Rui Pedro foi descrito como um "informático". Era ele que geria a página online do candidato que acabaria por vencer. Mas perderia, nessa altura, um dos seus mais importantes aliados internos: João Soares, que não terá perdoado a "traição" do seu ex-discípulo - levara-o às listas para a Câmara de Lisboa (2001) e a um lugar de vereador sem pelouro, após a (imprevista) vitória de Santana Lopes. Aí, Rui Pedro tratou de fazer política concelhia, contra os rivais internos, Miguel Coelho e, sobretudo, Jorge Coelho, que ainda mandava no "aparelho".

Era a consequência de uma série de "guerras" na JS, após a saída do seu líder, Sérgio Sousa Pinto, em 2000. O secretariado cessante da Jota (que integrava, entre outros, os actuais secretários de Estado Marcos Perestrello, Rocha Andrade e o porta-voz do PS, João Tiago Silveira) passou, de armas e bagagens, para a candidatura de Ana Catarina Mendes. Rui Pedro, quase sem apoios, candidatou-se. Ficou em último e, surpreendentemente, acabou por apoiar a candidata Jamila Madeira, na segunda volta. A JS quase que se partia. E Rui Pedro ficou "proscrito".
Além do trabalho político na concelhia de Lisboa, teve uma curta passagem pela direcção de marketing do banco Cetelem, uma sucursal de crédito ao consumo (com juros altos) do Banque Nationale de Paris/Paribas. Depois foi para a PT, tendo começado na antiga TV Cabo.

"Provavelmente, até fui eu quem o apresentou ao engenheiro Sócrates, assim como também apresentei [a Sócrates] o Marcos Perestrello e os outros que vieram a fazer a campanha dele para a liderança do PS, em 2004", recorda Sérgio Sousa Pinto. Na altura, José Sócrates não tinha apoios entre os jovens do partido. E o velho secretariado da JS reúne-se em seu redor.

Meses antes, Rui Pedro colaborara com Luís Nazaré, no Grupo de Estudos do partido, durante a liderança de Ferro Rodrigues. Mais uma vez, tratou-se de um apoio técnico. "Prestou colaboração na área das telecomunicações, visto que ele era quadro da TV Cabo. Lembro-me, por exemplo, do enorme contributo que deu para a criação do site do Gabinete e em relação às múltiplas plataformas em que nos poderíamos alojar. Esteve connosco apenas alguns meses. Telefonou-me um dia a dizer que havia sido promovido na empresa e que deixaria de ter disponibilidade para continuar a colaborar. Achei perfeitamente normal que ele tenha ido à sua vida. Fiquei com a ideia de um rapaz de vinte e tal anos que queria evoluir profissionalmente naquela área e se calhar também politicamente", recorda Nazaré.
A LIGAÇÃO A PENEDOS De facto, em dois anos, Rui Pedro foi promovido inúmeras vezes. De "consultor do conselho de administração" passou a "administrador executivo da PT Compras", em 2005, depois, a "presidente do conselho de administração da PT Imobiliária", em 2006 e, por fim, a membro executivo do conselho de administração da empresa. É ele que vai buscar o seu velho amigo Paulo Penedos, da JS, para assessor jurídico do seu gabinete. E é através das escutas montadas a Penedos que é "apanhado" na suspeita de "atentado ao Estado de Direito" que sobre si recai, depois de divulgados, pelo semanário Sol, os despachos do magistrado do Ministério Público de Aveiro e do juiz de instrução criminal do baixo Vouga, mandados arquivar pelo procurador-geral da República, por ausência de indícios criminais.

Sempre foi um político "de bastidores". Reservado, pouco dado à oratória, discreto. O oposto do seu amigo Penedos, visto como um "fanfarrão", que se gaba de conhecer meio mundo e se exibiu, numa campanha eleitoral autárquica, ao volante de um Ferrari vermelho.
Nas legislativas de 2005, conta um membro do staff de Sócrates, mantinham conversas regulares ao telemóvel: "O Paulo Penedos, enquanto membro da máquina de campanha, fartava-se de ligar ao Rui Pedro para ele, lá na PT, lhe arranjar telemóveis para o Sócrates - partia-se pelo menos um por semana", devido às "fúrias" do candidato, acrescenta.

O Plano inclinado
Maio de 2009. A PJ tem os telemóveis dos socialistas Armando Vara e Paulo Penedos sob escuta, por causa das suas supostas ligações ao sucateiro Manuel Godinho, no âmbito do processo Face Oculta. Mas das conversas entre o administrador do BCP e o consultor da PT ressalta para os investigadores a existência de um suposto esquema para controlar a TVI e tirar do ecrã Manuela Moura Guedes e as notícias sobre o Freeport. A 26 desse mês, dá-se o primeiro contacto entre Penedos e o seu correligionário Rui Pedro Soares, administrador da PT e que, alegadamente, se torna o pivô da compra da estação televisiva pela Portugal Telecom. As escutas trazidas à estampa pelo jornal Sol referem diversas idas de Rui Pedro a Madrid a fim de acertar com a direcção da Prisa - dona da TVI - os detalhes do negócio. Que não veria a luz do dia, após a polémica instalada pela divulgação da operação na imprensa, tendo o primeiro-ministro assegurado que, se a PT insistisse na compra, o Estado usaria a sua golden share para vetar o negócio. Sócrates garantiu sempre nunca ter sabido da intenção da PT de adquirir a TVI, mas, nas escutas, há referência a um jantar entre Rui Pedro Soares e o chefe de Governo e é insinuado em outras conversas o conhecimento que este último teria de todo o alegado esquema para controlar a TVI. Foi o que achou quer o procurador de Aveiro quer o juiz de instrução titular do caso Face Oculta. Só que enquanto o magistrado judicial afirmava existirem indícios muito fortes da existência de um plano, no qual Sócrates estaria envolvido, visando o controlo da estação, o procurador-geral da República, a quem foram remetidas as certidões para validação, desvalorizou esses elementos, tendo Pinto Monteiro decidido não avançar com um inquérito, alegando a falta de "indícios probatórios" da prática do crime de atentado ao Estado de Direito.
fonte: revista Visão

e já agora convem dizer que o semanário saiu à mesma

Comunicado da Direcção do SOL
A direcção do semanário SOL garante que o jornal estará amanhã nas bancas, como habitualmente.


O semanário SOL estará amanhã nas bancas como habitualmente, incluindo novas revelações sobre as escutas no processo ‘Face Oculta’.

Essas escutas provam manobras para controlar outros órgãos de comunicação social, além da TVI, e condicionar jornalistas.

A Direcção do jornal tomou conhecimento através da comunicação social de uma providência cautelar interposta por uma figura citada nas notícias, não tendo sido notificado, porém, nenhum membro da administração da empresa ou da direcção do jornal.

A Administração e a Direcção do SOL agradecem as múltiplas mensagens de apoio recebidas ao longo do dia de hoje e o interesse manifestado por jornalistas e meios de comunicação.


A Direcção do SOL

José António Saraiva

José António Lima

Mário Ramires

Vítor Rainho

fonte: http://sol.sapo.pt/

Mas para que não digam que só estamos aqui para dizer mal (estamos mas não é o que importa) estas linhas que se seguem foram publicadas no DN:

A providência cautelar que o cidadão Rui Pedro Soares ontem interpôs contra o semanário Sol é legítima. Estamos perante um instrumento legal ao alcance de qualquer pessoa que entenda ter condições e necessidade de o fazer para salvaguarda do seu bom-nome em tempo útil, de forma rápida.

Reconhecido isto, o Diário de Notícias entende dizer aos seus leitores o seguinte a propósito do caso concreto que envolve o semanário Sol:

Em democracia não há direitos absolutos. Um jornal pode fazer a sua apreciação sobre determinada matéria e decidir se o interesse público se sobrepõe, ou não, à reserva devida ao foro privado. Esse julgamento, e essa responsabilidade, assume-se e responde perante a justiça. Para isso existem os tribunais, que devem aprender, igualmente, a ser casas mais seguras para o direito ao bom-nome de todo e qualquer cidadão. De facto, não têm sido.

Mas, para além da dimensão jurídica, este caso tem, pelo que já é conhecido, uma dimensão pública e política.

O que está em causa - uma alegada tentativa de controlar órgãos de comunicação social - é suficientemente grave para que o Parlamento se decida rapidamente por uma comissão de inquérito que avalie até que ponto tudo isto é verdade. Este caso, pela intranquilidade que provoca na sociedade nacional, está a minar a qualidade da nossa democracia. Se tudo isto fosse verdade, Portugal precisaria rapidamente de um outro primeiro- -ministro - se bem que já se pode antecipar a conclusão de que este primeiro-ministro também precisaria de ter a rodeá-lo, no seu círculo de amigos, gente de maior craveira cívica e intelectual.

Para terminar resta dizer: como em outros casos recentes, os portugueses só sabem o que sabem porque, felizmente, a liberdade existe, funciona, o jornalismo também (às vezes sem regras e sem respeito pelas pessoas), e vivemos num Estado de direito. Dizer o contrário é falso e é desonesto.

fonte: http://dn.sapo.pt/


Sol publica despachos que revelam "plano" de Sócrates

O semanário Sol revelou hoje o plano que supostamente o primeiro ministro, José Sócrates, teria definido à beira das eleições. Diz que das conversações entre Paulo Penedos e Armando Vara resultam indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, visando o controlo da TVI e o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes e do seu marido, José Eduardo Moniz, para controlar o teor das notícias.


O jornal Sol revelou hoje os despachos dos investigadores do Face Oculta, em que estes defenderam um inquérito ao mais nível: estava em curso um “plano”, com o primeiro ministro à cabeça, para controlar a TVI e outros media.

Segundo o semanário os despachos revelam que surgiram “indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o senhor primeiro ministro”, visando “a interferência no sector da comunicação social e afastamento de jornalistas incómodos”.

Escreve o Sol que os órgãos e as pessoas visadas nesse “pano” eram em primeiro lugar, a TVI, José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes. Mas os despachos revelam ainda que resultam também “fortes indícios de que as pessoas envolvidas no plano tentaram condicionar a actuação do senhor Presidente da República”.

Diz o jornal que estas são as palavras usadas pelo procurador da República e pelo juiz de instrução do processo “Face Oculta” para fundamentar os despachos que deram, em final de Junho de 2009, mandando extrair certidões para que fosse instaurado um inquérito autónomo ao referido “plano”, que consideravam ser um crime de “atentado contra o Estado de Direito”.

O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas.

No âmbito deste processo, foram constituídos 18 arguidos, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu as funções, José Penedos, presidente da REN - Redes Eléctricas Nacionais, suspenso de funções pelo tribunal, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA. Esta é a empresa que está no centro da investigação e o seu proprietário, Manuel Godinho, é o único dos 18 arguidos do processo que está em prisão preventiva.


Advogado de Armando Vara diz que transcrições de escutas nos jornais são "ridículas"

O advogado de Armando Vara considerou hoje "ridículo" que surjam nos jornais transcrições de despachos que constam do processo Face Oculta, quando o próprio arguido viu recusado o pedido de levantamento do segredo de justiça.

"Não podemos deixar de soltar uma gargalhada, porque toda a gente vê escarrapachado aqui despachos na íntegra que estão no processo, supostamente em segredo de Justiça, e depois referencias manifestas a autos, inclusivamente a peças que deveriam estar destruídas", refere o advogado, adiantando que "roça um pouco o ridículo dizer que depois de tudo isto o dr. Armando Vara não pode ainda falar abertamente dos factos que lhe são imputados".

Tiago Rodrigues Bastos falava à Lusa no dia em que o semanário Sol transcreve extractos do despacho do juiz de Aveiro em que este considera haver "indícios muito fortes da existência de um plano", envolvendo o primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TVI e afastar Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz. Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor da PT, e Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT.

O advogado de Armando Vara disse à Lusa que o Tribunal de Aveiro recusou o pedido de levantamento do segredo de Justiça, no caso Face Oculta, pedido pelo seu cliente em Dezembro passado. Perante este despacho, o advogado do actual consultor do BCP manifestou uma "enorme decepção e estupefacção".

"Depois da violação sistemática do segredo de Justiça e dos jornais publicarem tudo e mais alguma coisa sobre a matéria, admitíamos que a decisão pudesse ser outra", adiantou.

Na base da decisão do Tribunal de Aveiro, segundo Tiago Rodrigues Bastos, está o argumento de que "não é necessário o levantamento do segredo de Justiça para a defesa do bom nome do arguido e que este tem outros mecanismos para se defender".

O tribunal argumentou também que "a Lei não permite um levantamento parcial do segredo de Justiça e, uma vez que houve outros arguidos que se manifestaram contra esse levantamento, não haveria possibilidade de o levantar só na matéria que dissesse respeito ao dr. Armando Vara".

Tiago Bastos considera que esta decisão "só contribui para levantar suspeitas que não dignificam ninguém nesta matéria" e questiona: "que segredo de Justiça é este?".

A defesa de Armando Vara aguarda ainda pela decisão ao recurso das medidas de coação decretadas ao arguido e espera que essa decisão "venha equilibrar de alguma forma esta situação que começa a ser difícil de compreender".

"Desejamos rapidamente que os autos possam ser abertos para que as coisas sejam melhor compreendidas", concluiu o advogado do ex-ministro socialista.

fonte: http://dn.sapo.pt/

Sol utrapassa providência cautelar e faz mais revelações
por Marina Marques, com Duarte Ladeiras, Paula Mourato e LusaOntem

O 'Sol' recebeu nesta quinta-feira uma providência cautelar para tentar impedir que o jornal publicasse mais escutas obtidas no âmbito do processo 'Face Oculta'. O autor foi Rui Pedro Soares, administrador executivo da Portugal Telecom (PT). A capa da edição de amanhã do jornal já foi divulgada e confirma a informação inicialmente apurada pelo DN: o semanário continuará a abordar o alegado plano do Governo para controlar vários órgãos de comunicação social.


Desta vez, é referido um plano que visa os órgãos da Global Notícias – DN, Jornal de Notícias e TSF – e as manobras da Ongoing, que nesta altura segue os procedimentos para finalizar a compra de parte da Media Capital, dona da TVI.

"O semanário SOL estará amanhã nas bancas como habitualmente, incluindo novas revelações sobre as escutas no processo “Face Oculta”. Essas escutas provam manobras para controlar outros órgãos de comunicação social, além da TVI, e condicionar jornalistas", anunciou a direcção do semanário.

A notificação para impedir a publicação de mais escutas ligadas ao processo 'Face Oculta' não foi entregue, apesar de se terem apresentado nas instalações do jornal um solicitador de execução da providência cautelar com o objectivo de notificarem o director, José António Saraiva, e as jornalistas Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo.

A providência cautelar só entrará em vigor depois que todos os enunciados na notificação recebam a medida preventiva, o que não aconteceu. "A Direcção do jornal tomou conhecimento através da comunicação social de uma providência cautelar interposta por uma figura citada nas notícias, não tendo sido notificado, porém, nenhum membro da administração da empresa ou da direcção do jornal", diz o comunicado do 'Sol'. O DN apurou que a opção do jornal foi manter a notícia, sem referir as escutas que envolvem o autor da providência cautelar.

O solicitador de execução da providência cautelar, acompanhado pela advogada Ana Sofia Rendeiro (do escritório de Carlos Soares, irmão de Rui Pedro Soares), tentou por sete vezes notificar os visados, mas não conseguiu. A primeira foi às 13:15 e foi-lhe dito que os visados estavam a almoçar. Nas restantes foi informado ao oficial que o director do jornal e as jornalistas não se encontravam nas instalações. À sétima tentativa, às 18:10, o oficial deixou a notificação na portaria do jornal, entregue ao funcionário da Prossegur, empresa de segurança privada.

Os exemplares do jornal que serão vendidos em Angola, Cabo Verde e Moçambique, iguais aos que sairão para as bancas portuguesas, já seguiram para os respectivos destinos. O DN apurou que os voos para Cabo Verde e Moçambique já saíram do aeroporto de Lisboa. O voo para Angola está marcado para as 22:00.

O semanário fez manchete na passada sexta-feira com o título "As Escutas Proibidas". O 'Sol' transcreveu extractos do despacho do juiz de Aveiro responsável pelo caso Face Oculta em que este considera haver "indícios muito fortes da existência de um plano", envolvendo o primeiro ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TV e outros órgãos de comunicação social com linha editorial considerada pelo Governo como hostil. Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor jurídico da PT, e Rui Pedro Soares.

No âmbito deste processo, que investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas privadas e do sector empresarial do Estado, foram constituídos 18 arguidos.

Homens da Luta apoiam 'Sol'

O 'Sol' recebeu há pouco o apoio dos 'Homens da Luta', duas personagens que fazem lembrar os tempos do PREC e que ficaram célebres pelo programa da SIC radical 'Vai Tudo Abaixo'. Neto e Falâncio, encarnados pelos actores Nuno (Jel) e Vasco Duarte, foram às instalações do semanário defender que o jornal está a ser “vítima de uma das poucas vergonhas maiores que este país já viu”. “Escuta, escuta, camarada. É sempre contra a reacção”, é a palavra de ordem dos 'Homens da Luta'.


fonte: http://dn.sapo.pt/

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CENSURA

Depois da vergonha que foi o Carnaval do ano passado e com o aproximar da data o governo volta à censura... será da época?
Para quem não leu ou ouviu. Mário Crespo deixou de colaborar com o JN depois de ter visto uma das suas crónicas semanais ser censurada.


Mário Crespo, de quem já por diversas vezes publicamos aqui textos, foi a mais recente vitima de censura a que este governo já nos vem habituando. Mas o Senhor Mário Crespo é uma pessoa como deve ser. Tem, perdoe-se a expressão, "os tomates no sitio" e quando o jornal para o qual escreve o censura ele bate com a porta.
E não se cala. É de Homem.
Cada vez o admiro mais. Seja pela integridade e profissionalismo que ninguém, repito ninguém, nem mesmo o pseudo-engenheiro e seu lacaios podem tentar questionar; seja pela coragem de por o dedo na ferida.

Mas, ninguém sabe bem como a crónica já anda a circular por aí e assim sendo e como sinal de respeito pelo Senhor Mário Crespo e como sinal de protesto (mais um) ao pseudo-engenheiro e seus lacaios aqui fica o texto em questão:
E quem quiser que nos censure!!!


O Fim da Linha
Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.